O Evangelho Como Resposta a Tempos Líquidos - PARTE 2


A fé  em Jesus transcende a dicotomia erro - acerto e aponta para além da existência. O ser humano se entende trilhando caminhos de infinitude e eternidade no chão material e inóspito da vida real.

Essa fé o ressignifica, o desafia e reencanta sua vida. Traz, inevitavelmente, confrontações com a desconstrução ideológica sistemática da (nomeada por seus críticos) metanarrativa cristã.

Eis o real problema! Essa desconstrução não é despropositada ou desinteressada. Há que se perguntar pelo fundamento da teoria crítica, da negação do cristianismo e o aceite de "novas" metanarrativas contrárias ao "velho status quo". Assim, antes de aprofundarmos a análise do "novo estado das coisas", importa saber:

O Evangelho é mistério que se dá também  na desconstrução do ser que já não se reconhece no stablishment. Torna-se o orientador ontológico confiável na sua realização pessoal e transformação do mundo.

Este ser tem agora um novo paradigma; sua fé em Cristo que torna-se visão, transformação pessoal e social. Encontra respostas existenciais que o apazigua e constrói pontes e significados pessoais;  aonde encontra a si mesmo, o outro e a Deus. Nasce a construção de um mundo de sentidos dos cacos existenciais desconexos de sua antiga vida.

O Evangelho tem penetração cognitiva profunda e atinge e fragmenta toda construção maléfica (segundo seus próprios termos). O homo religiosus redivivo não se identifica mais sem uma cosmogênese, sem uma religião, sem metanarrativas.

 O pensamento pós- moderno acusa tal reconstrução da identidade em Cristo de ideologia, superestrutura, engessamento do ser, fundamentalismo, extremismo, arrogância religiosa. É notório que, não obstante, tais críticos têm um destino formulado para este ser que se reinventa, se reconstrói a partir da fé; este deveria permanecer atomizado, sem identidade, "tabula rasa" para receber conteúdos "revolucionários", desinstaladores de qualquer autogoverno e disciplina cognitiva;  livre de "cosmovisões opressoras". Aqui se insere a ideologia do politicamente correto; uma metanarrativa improvisada até que o "novo" tome corpo.

Tal esforço da psicologia e filosofia em desconstruir o ser cristão ao longo do século XX através  dos estudos neomarxistas/neokantianos conseguiram sucessos enormes, principalmente no pensamento teológico e na "intelligentsia" cristã , mas dos fragmentos dessa implosão linguística, estão se formando anéis de acreção de onde um planeta/Reino de Deus será o novo berçário de Vida Espiritual. O homo religiosus fragmentado renascerá como construção espiritual incólume em um mundo renascido; talvez mesmo estrelas estejam sendo formadas desse disco de poeira cósmica solta no espaço, que gira e se aglutina em torno de um núcleo sólido que se chama fé.

"para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo," Filipenses 2.15



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