O Evangelho Como Resposta a Tempos Líquidos - PARTE 3


Há uma tendência cada vez maior entre os jovens em não conseguir entender o que seja fé. Para que nos façamos entender, analisaremos o versículo  da Carta aos Hebreus: 

"A fé é a garantia das coisas que se esperam, a prova das realidades que não se vêem."
                                                Hebreus 11:1 1 - Bíblia de Jerusalém
  
1. "A fé é a garantia das coisas que se esperam..."

Nenhum astrônomo viu o núcleo do planeta Júpiter, seja por telescópio, medidores de raios  X e infravermelhos, por sonda ou qualquer outro método. Contudo, o campo magnético e a sua enorme gravidade fazem com que eles tenham certeza que existe um núcleo  (do tamanho do planeta Terra, presumem) e que conseguirão observá-lo algum dia. Eles esperam isso acontecer, têm certeza na evolução tecnológica que propiciará seu desvendamento.

Assim é o "objeto" de nossa fé. Invisível, mas inteligível por seus efeitos em nós e por nós. Aquele que  tem fé arrisca explicar o cosmo (11.3), entende-se aceito, justificado e justiçado (11.4), espera e cria meios de salvação aqui nesse chão (11.7), percebe-se impulsionado a desinstalação e a constante realocação existencial sem com isso fragmentar sua identidade   (11.8;9). O fiel entende - se como gerador de vida e de bênçãos para o mundo (11.11, 12). Este ser que crê tem um relacionamento de amizade e encontro com o Sagrado (11.5).

Esperar é ter paciência e perseverança. A experiência na espera retroalimenta a fé, que vira esperança, e o ciclo continua (Rm 5.1-5).

A fé não é entendida como boas vibrações, otimismo ou asseverações empíricas ou místicas. Tem a ver com a garantia do que já tem experimentado; o poder de Deus que tem mostrado seus feitos e efeitos na sua história pessoal e,  uma expectativa que o culminar da história universal, será conforme tem-se, resolutamente, esperado. 

2. "A prova das realidades que não se vêem"

O ser humano atual, tende a pensar que este mundo perdeu o mistério por se achar detentor de toda a tecnologia, o saber desconstrutivista e  a psicologização completa da atividade humana. E, nada mais falacioso do isso! Há mistérios na alma humana, na sociedade, no bioma, no cosmos. Muito deles  insolúveis por várias gerações, ainda. 

Mesmo não conhecendo todas as leis da física quântica  (ou se há leis), isso não impede, por exemplo, que utilizemos  seus efeitos conhecidos numa tomografia computadorizada. Assim, também não conhecemos o que sejam as realidades espirituais completamente, mas tal não impede que confiemos em Deus, em Cristo e no Espírito Santo. Antes de qualquer postulação, hipótese ou teoria se mostrar real e comprovável, há um tempo em que são questionáveis pois, não são controláveis, repetíveis. E, deste modo, é entendida a fé; incontrolável, inexplicável e misteriosa. 

Contudo, aquele que tem fé, vê seus efeitos, é transformado e transforma a realidade a sua volta. Não abomina o desconhecido, o misterium, o inexplicável. Assume-o, vive-o, torna-o real, relacional, existencial. Crê em Deus, na Sua Mensagem e proposta existencial. Aposta sua vida, se joga nos braços Daquele que sempre o amou.

E a fé, discurso para acadêmicos, ideologia para revolucionários e entrave lógico para cientificismos desonestos, sempre será a vida do crente; daquele que entende que o "objeto" de sua fé se manifestará como realidade, se dará a conhecer. E que viverão juntos num eterno ágape.


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