Um Apelo para Novos e Velhos Obreiros

          




            Algumas coisas não estão corretas no pensamento cristão atual: Não há mais profundidade espiritual, perdeu-se o transcendente e, a horizontalidade e a rasitude (disfarçado às vezes de falsa racionalidade) tornaram-se dominantes na propagação da fé.

O evangelho coach invadiu os púlpitos e, longe de ser culpa dos coachings - estes apontam acertadamente a espiritualidade cristã como saída para os dilemas profissionais e afetivos e encorajam substancialmente pessoas vacilantes e medrosas a olharem com olhares mais simpáticos a igreja. Os líderes das igrejas se contentaram em imitar, copiar e não em acrescentar ao discurso coaching a profundidade do Evangelho de Jesus. Isso tem a ver, naturalmente, com as faculdades teológicas ou apesar delas, com o sistema educacional brasileiro, com a mentalidade pós-moderna e, principalmente com a fragilidade emocional e pouca aplicação nas disciplinas espirituais de um cristão. Oração, meditação, solitude, jejum, trabalho na igreja, evangelização, discipulado e estudos bíblicos aprofundados causam ojeriza a muitos pastores por aí.

Recentemente ouvi muitos disparates de um “cristão descolado” que não aceitava “doutrinas de homens”, estudos bíblicos “feitos na carne”, entrega de dízimo “para pastores”, afirmava sempre que “a letra mata” (estudo da Palavra causa incredulidade) e que as provações e lutas na vida são produtos de  desobediência, descuido espiritual e principalmente, mentalidade da míseria e derrota. Ele não vai em nenhuma igreja mais, embora tenha sido batizado em uma, goste dela, mas não aceita suas doutrinas sobre o tamanho de cabelo de um homem. Avesso a “modernidade espiritual”, paradoxalmente, confessou que se atualiza constantemente na sua profissão participando de inúmeras reciclagens, dedica-se a mais de 40 anos em seu ramo de atuação e que não tem dúvidas de que é um grande profissional. Quanto a vida cristã, tem certeza de que está fazendo progressos espirituais significativos porque Deus deu a ele dons de revelação, sonhos e visões. Citou para mim o livro de Malaquias e disse que ali Deus reprova o dízimo (?). Numa fala apressada e olhadelas ligeiras para ver se provocava alguma concordância ou rejeição continuou mostrando suas “grandes descobertas espirituais” como ser privilegiado por vir de outra religião e, por isso, ter “uma percepção espiritual maior e diferenciada”. Frente a esse tipo de crente, percebo o erro que cometemos. Ouço a voz de Jesus quando disse aos fariseus:

"Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas, porque percorrem terra e mar para fazer um convertido e, quando conseguem, vocês o tornam duas vezes mais filho do inferno do que vocês.” Mateus 23:15

Os líderes querem ser modernos, avançados, pousarem de inteligentes e “maneiros” mas, esses são os cristãos que frequentam nossas igrejas. Entram e saem por elas, todo final de semana estão em uma denominação diferente. Misturando crendices populares, filosofias de outas religiões e ditados cristãos de guetos evangélicos, seguem dentro de nossas orgulhosas denominações, com todo cheiro de neopagãos pós-modernos desruptivos. Ao perceberem uma fé “da moda” se tornam “profetas” de seus próprios anseios e, à não-resposta da igreja, acabam se sentindo os novos pastores de um povo que se parece com ele na falta de profundidade, na falta de discipulado, no preparo espiritual para reconhecerem o que é de Cristo e o que é humano e diabólico.

Aos verdadeiros profetas da igreja que estão calados porque perderam o bonde da história e não entenderam que o mundo atualizou-se e a versão sua de igreja precisa se atualizar, se adaptar ao novo tempo, peço que atentem para a missão que só acaba quando expiramos aqui nesse mundo. Vocês precisam falar sobre afetos, família, dinheiro, carreira profissional e serem mais profundos para uma geração rasa; corajosos para uma geração amedrontada; fortes para uma geração fraca. Construtores do Reino de Deus em meio a desconstrutores da sociedade e da espiritualidade sadia. Precisam ser exemplos de que o novo mundo ainda é do velho homem caído, carente de Deus e de Seu Filho Jesus. E que precisam urgentemente de um novo nascimento; o nascimento do Espírito Santo. 

 

 

 

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