Série: A Queda do Gênero Humano - (Parte 1/5)



A Queda Ontológica

Naquele finalzinho de tarde, ecoava no Jardim do Éden, a voz de Deus: Adão, aonde estás?
Não sabemos quanto tempo demorou para Adão responder, ou melhor, tergiversar, esconder partes de uma verdade que o fazia condoer-se.
E, ele respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi". Gn. 3.10
Adão sentiu medo, viu-se desnudado, exposto, descoberto. Escondeu-se de Deus, de Eva e alienou-se de si mesmo. Fez vestimentas inadequadas e embrenhou-se no mato.
Em um breve momento de descuido, de guarda aberta, de achar que nada mudaria realmente se ele não fosse totalmente fiel em cumprir a ordem de Deus ( Gn. 2.16-17), perdeu o controle, o seu ser caiu.
Em tempo algum, nenhum homem esteve tão errado como Adão. Gerações incontáveis de humanos sofreriam o seu pecado, carregariam a culpa (Rm 5.12).
A culpa interior, o estilhaçamento do ego, do eu profundo (Rm. 7.21-25). Ele tem medo de Deus, agora. Ele se sente ameaçado e tolhido no seu ego por outros humanos e, de uma forma mais velada, se sente barrado por Deus.
Ele realmente não soube aonde estava naquele final de tarde. Não sabia em quem se havia tornado. Só podia ver e sentir que tudo era muito constrangedor. Diminuia-o, fazia-o se esconder de Deus.
Depois de "Aonde estás Adão" e a não- resposta dele, vêm o confrontamento de Deus:
Você comeu da Árvore que lhe disse para não comer?
Deus sabia o que Adão fez, sabia aonde estava e o porquê assim estava. Perguntava apenas para que Adão e Eva vissem o mal que causavam a si mesmos e a todos os humanos. De perdidos e confusos que estavam, não se acharam diante de Deus.

Aonde você está? Como você está? O pecado é pra você coisa séria, ainda? Ou você acha que uma desobediência leve, Deus não vê?
A nossa fragilidade interior, nossos egos enfumados, nosso ser em constante desconstrução, nossas emoções descontroladas fazem parte da Queda. A Queda foi do ser, a queda foi ontológica.


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