A Tirania do Novo

Viver a rotina, o mais do mesmo, ritualizar a vida gera controle, previsibilidade e segurança nas decisões e resultados a serem obtidos. O novo, a novidade, traz a quebra da ordem estabelecida, promove um sentimento de aventura, adrenalina; expectativas e esperanças reacendem-se. O novo surge porque a rotina é maçante, chata, entediante. Há um tipo de veneno na mesmice que nos torna  indolentes, nos faz apagar aos poucos a chama da vida. Muitas vezes nos perguntamos "quando começará a minha vida?"
Lemos essa angústia em todos os seres humanos e, por isso mesmo, somos bombardeados todos os dias com um turbilhão de discursos, receitas, sermões e produtos que prometem a revolução, a aventura. O novo está na prateleira, coloque no seu carrinho! O novo está sendo exibido, oferecido, destrinchado e idolatrado ali naquele lugar, vamos?! Não se esqueça de pagar com uma porção de sua vida, porém!
Como um cachorro sarnento nos debatemos, nos convulsionamos para nos livrarmos da apatia, da poluente atmosfera do ordinário. Ferimo-nos nesse processo, ferimos outros, contaminamos outros. Perdemos a vitalidade em nosso atos, vamos ao encontro de utopias terrestres, de redenções bucólicas, de paraísos oníricos, somente para refrescar a alma. Essa busca torna-se desesperada,  tentadora, mesmo obrigatória, às vezes. Toma conta dos sentimentos, do pensamento, do comportamento. E assim, somos pegos na armadilha humana do novo. O velho nos assusta em direção a arapuca do "novo".
Paradoxalmente, repetimos o velho e o chamamos novo. O novo promete controle, segurança, previsibilidade, , justiça, igualdade, liberdade, fraternidade... Humanamente, as Escrituras mostram esse dilema:

O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol. Ec. 1.9

Para além de toda busca, a Palavra de Deus também nos mostra uma posição, um estado, uma segurança, felicidade inesgotável que faz com que o novo seja eterno. Mostra-nos a rotina do novo, a transcendência sempiterna do ser. Em Cristo, o antigo (antiguidade e velhice não são a mesma coisa) sempre é novo!

Se alguém está em Cristo, é uma nova criação; passou o que era velho, eis que se fez novo. 2 Co. 5.17

Infelizmente, por não nos entendermos como criação nova, edificação constante de Deus, somos tocados pela velharia e sentimos o bafo angustiante do tempo. 
Essas palavras não são para noviços, mas são certamente para pecadores esquecidos de sua nova natureza: Cristão , vivemos a tirania do novo! 

"Se alguém está em Cristo... eis que tudo se fez novo."

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