Parte 2 - O Reino que se Faz ao Caminhar

 Série de mensagens sobre a transfiguração de Jesus:(Mateus 17:1-9, Marcos 9:2-8 e Lucas 9:28-36)

“... e os levou, em particular, a um alto monte. Ali ele foi transfigurado diante deles. ”
(Mt. 17.1b-2a)

Na religião, todo relevo tem um significado para a espiritualidade; montes, montanhas e vales.

Quem subia em um monte ou escalava uma montanha queria ficar mais perto de seus deuses. Vemos, curiosamente, a construção de uma torre em Genesis 11 para que os seres humanos ficassem no alto e assim fossem considerados deuses. Na história das monarquias de Israel é recorrente o povo subir até aos montes para realizar cultos e adoração a Baal, Ishtar e a baalins. A altura de um monte determinava o quanto mais próximo o fiel estava próximo de seu deus. Na religião judaica tal coisa também se dava; por exemplo, o encontro de Moisés com Deus no monte Sinai, Elias no monte Carmelo. Alguns montes se tornaram conhecidos como lugares de acertos de conta e tratados com a Divindade (monte das Oliveiras), monte Ebal (maldição) e Gerizim (benção). O monte do templo chamado de Monte Sião era conhecido como monte da adoração.

No Novo Testamento vemos Jesus subir aos montes para orar e fugir das multidões. Sobe aos montes para ensinar e aqui chama amigos próximos para mostrar a Sua glória a eles.
Ele os levou em particular. Levou-os sem alardes, nem anúncios prévios. Não tornou conhecido a todos os seus discípulos. Levou-os para que o conhecessem melhor. Jesus foi até o Monte Hermon e, é nesse monte pertencente as colinas de Golan, que nascia o rio Jordão e se demarcava os limites do reino davídico expandido e o mundo gentio. Nesse monte havia um altar ao deus romano Pan. Os romanos criam que ali havia uma fonte de Pan que era geradora e mantenedora da vida de seus rebanhos e povoados. Contudo, os romanos assentados naquela região eram célebres “ladrões de água” das cidades e vilarejos judaicos. Eles a desviavam através de aqueodutos ocultos e encanamentos secretos. Jesus não veio afrontar aos romanos, embora fosse muito significativo Ele vir até ali e se transfigurar.

Ele vem revelar a verdade. Ele não precisou quebrar nenhum altar pagão, ainda que como judeu era impensável que fosse tolerante a isso. Sua permanência na fronteira do Reino Davídico Expandido com a Síria, e em um lugar de culto romano, é profética. Jesus faz toda uma excursão por terras que não pertenciam ao reino de Israel em sua época, mas que pertenceram ou que são designadas nas profecias e nos livros históricos (II Sm. 8.1; Js. 13.4-5; Js. 11.8; Jz.3.3; Nm.34. 7-9; Ez.47.15) como terras que seriam de Israel.

Ele faz um tipo de marcha da conquista, empreende uma caminhada profética rememorando Abraão (Mc. 7.24, 31; 8.27; 9.2), tem seus escolhidos, sua missão de restauração e seu reino. Por fim, Ele coloca em xeque todo o aparato religioso romano, depõe Pan e seus adoradores. Depõe o reino e o domínio romano, simbolicamente. Ele é o Filho de Deus que era figura conhecida por romanos e judeus em suas religiões, cada uma com sua concepção particular e complementares, porém.

O monte Hermon foi escolhido porque Cristo veio anunciar o Seu Reino, reafirmar o Seu domínio sobre toda a Criação e demarcar simbolicamente um novo tempo de conquistas.

Jesus exercia seus ensinos e discipulado enquanto andava e se relacionava com seus discípulos. Seu ministério era chamado de peripatético porque era feito enquanto andava e vivia a vida comum, conforme os grandes filósofos antigos como Sócrates e Platão.

Assim, aqui no texto, vemos que Ele determinou um tempo; Ele está ali e Ele É. Determinou um lugar no meio dos seus discípulos; Ele escolheu os mais próximos para estar e pertencer a eles como Nova Revelação de Deus. Determinou um meio de se tornar conhecido; pela fé e por testemunho das profecias de Elias e as leis de Moisés.

 Mas, isso tudo, continua sendo um convite do Mestre, continua sendo um estar próximo Dele. Continua sendo um mysterium tremendum et fascinorum.

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